O bumba-meu-boi é a mais conhecida brincadeira dos festejos juninos no Maranhão. É um auto que conta a estória da negra Catirina que, grávida, desejou comer a língua do boi predileto de seu amo, induzindo o seu marido, pai Francisco, a matar o boi para satisfação de seu desejo.
A brincadeira do bumba-meu-boi apresenta um conjunto de personagens que pode variar segundo o sotaque ao qual os grupos pertencem. O sotaque também determina a variação na indumentária dos grupos.
O pesquisador Carlos de Lima classifica os grupos em três sotaques: zabumba, matraca e orquestra, além de dois subgrupos identificados com as regiões a que pertencem, no caso, Baixada e Cururupu.
BOI DE ORQUESTRA
Os bois de orquestra têm sua dança embalada por instrumentos como banjo, clarinete, piston e bumbo e um forte apelo popular, sobretudo nos arraiais juninos, pela variedade de cores de sua indumentária e pela sonoridade de seus instrumentos.
Conhecido como sotaque de matraca ou da Ilha devido à sua origem na ilha de São Luís, se destaca por atrair grande número de brincantes em suas apresentações. Nesse sotaque há predominância de matracas e pandeirões dentre os seus instrumentos, tocados pelos brincantes com uma especificidade: os bois de matraca permitem uma maior participação do público uma vez que qualquer pessoa com um par de matracas pode ajudar o grupo em suas apresentações.
Os grupos de matraca distinguem-se dos demais por possibilitar a participação de brincantes sem indumentária. Desatacam-se como personagens desses grupos os caboclos de pena, brincantes cobertos de penas de ema, inclusive com grandes coroas de cerca de um metro e meio de diâmetro. Além dos caboclos de pena, são personagens dos grupos de matraca o pai Francisco, homem que leva um facão de madeira abrindo caminho para o boi passar; e a burrinha, armação de buriti na forma de um burro, coberta de pano e sustentada por suspensórios nos ombros de um brincante.
BOI DA BAIXADA
Os grupos da Baixada são conhecidos como sotaque de Pindaré. Não há consenso entre os estudiosos do folclore maranhense sobre a classificação desses grupos, sendo considerado um quarto sotaque por uns ou um subgrupo por outros. A polêmica se deve a esses grupos utilizarem, basicamente, os mesmos instrumentos dos grupos de sotaque de matraca, ou seja matracas e pandeirões.
Independente das discussões desses pesquisadores, os grupos têm instrumentos e indumentária peculiar. As matracas tocadas pelos brincantes são de tamanho menor se comparadas às dos grupos do sotaque da Ilha. Nesses grupos há uma personagem característica: os cazumbás, pessoas vestidas com largas batas estampadas ou de veludo bordado que rebolam à medida que fazem soar seus chocalhos. Os cazumbás são caracterizados por grandes máscaras feitas artesanalmente, lembrando bichos com grandes focinhos.
BOI DE ZABUMBA
Os grupos de zabumba são caracterizados pelo ritmo cadenciado marcado por grandes tantãs conhecidos como zabumbas. Nos grupos desse sotaque, a personagem mais característica é o rajado. São homens que fecham o cordão da brincadeira e que chamam a atenção por seus grandes e pesados chapéus de fitas coloridas e estampadas.
Assentado na forte percussão, o boi de zabumba tem um ritmo socado, marcante e envolvente e é caracterizado por uma batida rústica e cadenciada que lembra o rufar dos tambores africanos.
Com um ritmo forte e vibrante e uma batida essencialmente negra que se distingue pelo batuque pausado, ressaltando cadências lentas e apressadas, o bumba-meu-boi de zabumba apresenta-se numa grande roda que dança no sentido do centro. A dança se concretiza em sobrepassos miúdos e repisados. As tapuias marcam com seus passos a acentuação e o ritmo da zabumba, sendo o calcanhar o ponto de apoio das brincantes.
BOI DE COSTA DE MÃO
O ritmo desse sotaque é bastante cadenciado, marcado por instrumentos de percussão, como caixa, maracá e pandeiro, pendurado com auxílio de um fio no pescoço do brincante, facilitando a batida, que é feita com as costas das mãos. Sua indumentária faz-se notar pela presença de características próprias tais como calças de veludo inteiramente bordadas e chapéus em estilo cogumelo, afunilados. É conhecido, também, como sotaque de Cururupu.
